O engenheiro
Jean Rouch (1917-2004) foi um engenheiro da École des Ponts et Chaussées, antropólogo e realizador francês. Fazendo parte da Résistance Française, Rouch dedicou o início da sua (curta) carreira de engenheiro a implodir as pontes que pouco antes havia estudado na escola, de modo a impedir os avanços nazis.
Após tal “realização” profissional, Rouch fixou-se em África, dedicando-se à antropologia e ao cinema, sendo responsável por importantes contribuições na antropologia e no cinéma-vérité.
Em tempos de crise, com Fundações e Museus a encerrar, não faltará muito para que os actuais equipamentos culturais sejam reconvertidos em arenas comerciais ou alienados a investidores estrangeiros.
Mas o Inimigo, neste caso o engenheiro de estruturas, não vira a cara à luta, e propõe uma reinterpretação da ouevre inicial de Rouch. Implodir pontes é fazer ganir os seus pontos de apoio, o que constitui uma interpretação perversa da citação de Perret, que com ela pretendia definir arquitectura.
E é isso que procuramos: questionar a existência das obras premiadas e de referência no contexto actual, enquanto se indaga quais podem ser os pontos de apoio da arquitectura, da engenharia e da construção, nos dias que correm.