2012/10/23

“Inimigo” por Blaanc, 2012


O Sonho tem de morrer




















Tem de morrer o sonho de que se esperarmos sentados nos nossos ateliers, clientes endinheirados entrarão pela porta desejosos de adjudicar edifícios icónicos e sem limite de orçamento. 
Esta realidade é (in)felizmente cada vez menos provável e por isso deveríamos parar para pensar: quem não tem capacidade para contratar um arquitecto não precisa dele? Ou precisará tanto ou mais que todos os outros? O arquitecto de hoje tem de ser pro-activo e de ter a capacidade de reconhecer onde é que o seu conhecimento é mais preciso. 

Tem de morrer o sonho que os nossos únicos clientes são aqueles que nos procuram. 
A maioria dos criativos trabalha para criar produtos para os 10% de população mais rica do mundo. Mas porque não projectar para os outros 90%? 
A arquitectura não deve ser um luxo que só existe onde há dinheiro. Isto quer dizer que temos que ser arquitectos mais competentes e completos com capacidade para identificar problemas e simultaneamente encontrar todas as viabilidades, inclusive a económica para os solucionar, só depois realizaremos o projecto. 

Tem de morrer o sonho de que podemos construir o mundo como uma colecção de luxo de edifícios estrela. De facto, a arquitectura não pode ser livre de compromissos sociais económicos e ambientais, sob pena de tornarmos este pretenso desenvolvimento em insustentabilidade. 
Qual é o preço que estamos dispostos a pagar? 
“Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades” in O nosso Futuro Comum, Comissão Mundial para o Desenvolvimento (1987). 
Quão longe andamos destes princípios? A verdade é que nos últimos 50 anos já destruímos mais o planeta do que nos nossos 200 mil anos de existência. 

Muitos dos nossos sonhos têm de ser reinventados, temos de reformar os nossos ideais e pensar para além da fluidez dos materiais, dos jogos de luz e da composição das formas. 

“We need to find our passion, we need to find what drives us forward. We are part of a generation of forces coming together. We need to find new ways of thinking and new ways are not bricks, new ways are ideas!” (in URBANIZED)