2012/11/03

“Inimigo” por Mónica Martinez Marques, 2012

O plano, o projeto e o inimigo 



























Quem nunca sentiu vontade de projetar sem programa nem legislação nem planos - vontade de projetar no vazio, de criar sem limites? 
No entanto não devemos esquecer que, mesmo que hipoteticamente sem regras, projetaríamos no mais ou menos “cheio” ou seja, somos sempre condicionados de alguma maneira – assim o consigamos perceber! 
A existência de planos urbanísticos a montante do projeto constitui sem dúvida um elemento condicionador do mesmo mas será um inimigo ou um aliado? 
O planeamento urbanistico é visto por muitos projetistas ou gestores do território como um problema ... à partida mal resolvido ... que servirá sem dúvida para complicar… 
O Planeamento Urbano estabelece limites, naturalmente que o faz, mas acima de tudo tem a obrigação de analisar interdisciplinarmente, sintetizar e apresentar ideias, modelos, critérios com alguma maleabilidade e capacidade de acolher diversas soluções satisfatórias concorrentes para o conceito global definido. 
Lamentavelmente não existem só bons planos, existe planeamento urbano castrador sem ideias, inflexível, inoperativo e desinteressante para os diversos agentes de transformação do solo. Mas também existem interpretes (de planos) meticulosos e equívocos os quais nas suas leituras cegas transformam boas ideias em más regras… 
Por definição o Planeamento Urbano não é inimigo da qualidade da arquitetura! 
Dizem que é a capacidade do Arquiteto de interpretar complexas sinfonias, a sua visão abrangente, o cruzar fronteiras e o combinar diferentes demandas que o torna um ser tão especial! 
Então o planeamento urbano é mais um instrumento da orquestra, um instrumento construído certamente com um bom propósito e num determinado contexto e como qualquer outro tem o seu lugar na sinfonia ... desde que não procure abafar os outros instrumentos… 
O plano não deve querer substituir-se ao projeto nem o projeto negar o plano. 
Arquitetos planeadores e Arquitetos projetistas separados pela escala mas unidos no território - ideias, empatia e bom senso são essenciais! 
Na realidade, por um ou outro motivos, a luta continua – inimigos??? Não!!!