2012/09/17

“Inimigo” por Paulo Moreira, 2012


Photoshop do Gabinete de Arrumação e Estética do Espaço Público






O Gabinete de Arrumação e Estética do Espaço Público [GAEEP] foi criado pela Câmara Municipal do Porto para "transformar a cidade num espaço mais bonito, agradável, destacar a sua riqueza patrimonial e ajudar a combater o vandalismo e a falta de civismo". O site oficial mostra alguns exemplos das intervenções promovidas: relocalizar ecopontos, colocação/pintura de bancos tradicionais, substituição de mecos, etc. Argumentando que "um pequeno pormenor pode fazer toda a diferença", o texto introdutório refere que os resultados dos seus serviços podem ser encontrados "pelos mais observadores" em diversos locais da cidade. Ora, na verdade não é preciso ser um bom observador para encontrar algo estranho numa das "intervenções piloto": uma tampa de pavimento de calçada desalinhada (antes) passou a estar alinhada (depois). Reparem que o GAEEP conseguiu rodar a tampa sem rodar os dois "olhos". Será disto que a cidade precisa, ser um lugar virtualmente mais "arrumado" e "estético”?



Photoshop de Fernando Guerra
















Na busca do "Mundo Perfeito", Fernando Guerra serve-se de alguns truques de Photoshop. Reparem nas diferenças entre as duas fotografias: numa delas, em primeiro plano, uma tomada de electricidade - daquelas caras, desenhada por um arquitecto famoso da nossa Praça, tão bem situada no cantinho inferior da parede, por cima do rodapé - foi apagada. A arquitectura que Fernando Guerra nos mostra não é da autoria de XY ou Z, é a arquitectura "perfeita" de Fernando Guerra. Nada contra o Photoshop, mas respeitem-se os elementos arquitectónicos que compõem uma determinada sala, edifício, ou cidade. Censurar alguns elementos 'mundanos' é, na minha opinião, um desrespeito por quem os desenhou e por quem perdeu horas a decidir o melhor lugar para colocá-los. 

P.S. As imagens que ilustram esta entrada foram retiradas do site "Últimas Reportagens". Não se pretende criticar de modo algum o autor da obra em questão, mas sim a forma como Fernando Guerra manipulou uma das fotografias dessa obra.